A condução autónoma está aí à porta, mas relativamente ao estabelecimento de responsabilidades em caso de acidente, o assunto ainda está muito verde.
Com os fabricantes de automóveis e de tecnologia a esforçarem-se para desenvolver sistemas que permitam aos condutores tirarem as mãos do volante e desviarem os olhos da estrada, os legisladores devem agora preparar um regulamento exequível para decidir quem pagará as despesas em caso de acidente com um veículo de condução autónoma.
No Reino Unido, os legisladores já aprovaram a Lei de Veículos Elétricos e Automáticos (AEV), trazendo alguma clareza sobre os contextos que devem superintender as apólices de seguro para veículos totalmente autónomos. Noutros mercados, como os dos Estados Unidos, ainda há bastante trabalho a fazer.
Na Grã-Bretanha, o gestor da AXA Insurance, David Williams, explica que há uma estrutura clara para a responsabilidade, com os proprietários das viaturas autónomas a estarem obrigados a contratar uma modalidade de seguro cuja apólice esteja em conformidade com as regras de trânsito, reportou a CNN.
Como os carros autónomos permitem que o condutor alterne entre o modo manual e autónomo, ter duas apólices de seguro distintas seria “muito complicado”, disse Williams. Em vez disso, os proprietários desses veículos poderão adquirir uma apólice de seguro que abranja ambos os modos de condução, com as seguradoras a continuarem a pagar as indemnizações, mas a poderem reclamar aos fabricantes de automóveis o ressarcimento sempre que a tecnologia for considerada ‘culpada’ do acidente.
Williams também espera que o número total de acidentes rodoviários diminua no futuro próximo, o que significa que as seguradoras terão menos sinistros para decidir e eventualmente indemnizar ou ainda, posteriormente, reclamar. “E uma proporção desse contencioso será implicado aos fabricantes”, acrescentou o mesmo técnico de seguros.
“Entendemos que o seguro obrigatório de responsabilidade civil funciona bem na proteção dos utilizadores das estradas e que isso continuará com os desenvolvimentos tecnológicos que estão em curso, como veículos conectados e autónomos”, afirmou Nicolas Jeanmart, diretor na Insurance Europe.
De acordo com a autoridade nacional de trânsito dos Estados Unidos – NHTSA, o erro humano é um fator em nada menos do que 94% dos acidentes rodoviários, o que os veículos autónomos poderiam reduzir fortemente ou, em última instância, acabar.
Todavia, Williams acredita que, embora os custos dos seguros (prémio a pagar pelo segurado) para automóveis autónomos possam ser elevados no início, devido à tecnologia cara que incorporam, tudo isso pode mudar à medida que a produção aumentará com o tempo.
Partilhando os custos
Como os veículos autónomos deverão promover a difusão da mobilidade partilhada (partilha de automóveis por diversos utilizadores) no futuro, significa que novos tipos de apólices de seguro precisarão ser redigidos para atender a tais cenários.
“Mesmo no caso de veículos partilhados, estes precisam sempre de serem bens segurados, independentemente de o seguro ser partilhado entre os proprietários, ou não”, concluiu Jeanmart.