Um novo mundo para os seguros

29 Março, 2018

As pressões à actividade seguradora obrigam a tomar decisões. O risco de inacção é transformar uma organização num serviço obsoleto.

Os seguros oferecem segurança. Proporcionam uma solução a problemas causados por imprevistos. São uma protecção adicional e em alguns casos obrigatória. Em Portugal, as seguradoras gerem anualmente mais de 20 milhões de contratos, cerca de três milhões de sinistros e três a quatro milhões de clientes mudam de seguradora. Perante esta realidade, atrair e reter clientes é um dos principais desafios que se colocam à actividade das seguradoras no território nacional.

O sector não pode viver alienado da realidade demográfica e das novas tendências de mercado. A digitalização da vida do consumidor final e das empresas obriga a repensar o modelo de negócio e os serviços prestados pelos seguradores.

A geração “millennial”, nascida no início de 1980, não compra produtos ou serviços sem pesquisar e comparar informação online, seja a compra de um carro, roupa ou um seguro. Há uma alteração clara do comportamento dos clientes que implica modificar e adaptar a forma como o mercado dos seguros se relaciona com os novos consumidores.

Os consumidores alteraram o seu comportamento. Procuram soluções mais personalizadas, o que coloca uma pressão adicional à actividade das companhias de seguros. Se a este factor se acrescentar o crescimento da concorrência nesta área e na consequente redução das margens de funcionamento, consegue-se desenhar um presente bastante complexo e repleto de desafios para o sector segurador. Para finalizar o quadro, surge a necessidade de responder em tempo útil às crescentes alterações legais introduzidas pelas entidades que regulam os seguros.

As pressões à actividade seguradora obrigam a tomar decisões. O risco de inacção é transformar uma organização num serviço obsoleto, perdendo relevância no mercado.

Investir em novas tecnologias

O sector está consciente da importância da transformação digital para o sucesso das suas operações. Contrariamente ao que sucede nas instituições bancárias, as empresas seguradoras continuam a ter uma dependência operacional muito elevada de tecnologias “legacy” que não respondem às necessidades do mercado.

Nestes últimos anos, a crise recente obrigou as instituições seguradoras a reduzir substancialmente a despesa em tecnologia de informação. Apesar de a procura de serviços tecnológicos no interior das organizações ter continuado a crescer, a redução de investimento originou uma lacuna na capacidade de os departamentos de Tecnologias de Informação (TI) darem resposta aos requisitos do negócio.

No decorrer dos últimos anos, a maioria das instituições seguradoras desenvolveu projectos de consolidação aplicacional e de infra-estrutura tecnológica. Houve espaço para algumas iniciativas de implementação de soluções de desmaterialização dos processos de negócio e de webização (agentes, mediadores, etc.), assim como a implementação de novas soluções de “reporting” relacionadas com alterações regulamentares. Em algumas instituições, poucas, iniciaram-se processos de modernização e de actualização dos seus sistemas principais (“core”).

Para responder de forma adequada aos desafios com os quais se deparam, as seguradoras precisam de ganhar agilidade e tempo de resposta no mercado. Estão obrigadas a investir em infra-estrutura e aplicações que permitam adaptar rapidamente o negócio a novos requisitos. É preciso racionalizar e simplificar processos e produtos.

É preciso introduzir melhorias nos processos de negócio, na automação e consolidar plataformas de forma a melhorar a eficiência geral da estrutura. O ideal é ter um “back-office” mais simples, mais bem integrado e mais flexível, reduzindo ao máximo a intervenção humana. Só assim se conseguirá obter eficiência, escalabilidade, qualidade, velocidade e custos suportáveis pelo negócio.

A analista de mercado IDC, que acompanha a realidade do mercado nacional em matéria de investimentos e projectos de TI, lançou recentemente o estudo “IDC Portuguese ICT Spending Guide”, no qual se mostra a evolução do investimento realizado pelo sector segurador em TI. Entre 2015 e 2016, o investimento cresceu 15,1%, passando de 77 milhões de euros para 88 milhões de euros.

Especial Seguros originalmente publicado no Negócios.

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